fodasse.
vou ter que tocar neste assunto mais cedo ou mais tarde, certo? ou posso dizer putain!, foi do caralho e calar-me?
não.
vou dizer que o tecto do grand rex tem estrelas. via-se sagitário. nas paredes está cravada uma vila à là riviera-francesa-mediterrânico-antiga em relevo. e há duas ou três nuvens pousadas no tecto. as escadas rolantes do grand rex foram pisadas pela primeira vez pelo gary cooper. o ar condicionado, à época do gray cooper, não funcionava e continua a não funcionar. as escadas também já não. a sala tem dois balcões. eu sentei-me no último deles, na penúltima fila, numa cadeira partida. e chapéus decorados com espelhos podem ser usados apenas por uma pessoa neste mundo.
e o medo? aquilo é medo. aquilo não é respeito. respeito tem-se pela igreja. aquilo é medo e a voz do tom leva-te bastante mais perto do inferno do que qualquer outra cousa. aquele bater de pés, aquele cabrão sentado ao piano e a contar histórias sobre sapos e aranhas. sim, chamei-o de cabrão. enquanto ele grunhe, tens medo até de respirar. bater palmas descompassadamente, à francesa? ui. erro. não se faz isso ao tom. tremam, comuns mortais. o tom chateou-se.
foi um concerto de porcelana. da porcelana mais linda alguma vez oferecida à vista humana.
mas e a coragem para lhe tocar?
é o que dá estar perante deus.
3 comentários:
inveja. :]
*
Não podes tocar. Já devias saber...
esqueço-me sempre, sensei.
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