ver o mundo através das edições on-line dos jornais distorce o país.
mas também dá acesso ao que verdadeiramente pensam os jornais, aquele pensar imediato antes dos correctores dos jornais se aperceberem do que é que os idiotas dos jornais escreveram.
no site do diário de notícias, por volta das 2 da tarde de hoje, a notícia sobre o avião desaparecido começava assim,
"Entre os passageiros encontravam-se três marroquinos."
o medo é uma coisa divertida.
5 comentários:
Uma vez fiz uma viagem entre Praga e Milão que foi um verdadeiro horror. Abanões e sacudidelas do pior. Pessoas a chorar. Outras a respirar com máscaras. Outras a vomitar. As hospedeiras desaparecidas. Eu, glacial. Revisitando todas as descrições e imagens de acidentes que surpreendentemente guardava na memória. Nunca saímos da espessa linha turbulenta das nuvens. Mas conseguíamos imaginar os Alpes esguios lá em baixo. Dois lances de bancos atrás de mim estava um marroquino de trajado a rigor. Calmíssimo e confiante. Em Nirvana, se fosse Budista. Como se estivesse a contemplar 70 virgens. A imaginação em situações de pânico é o teu pior fantasma. Depois lá conseguimos finalmente aterrar sem uma explicação convincente por parte da tripulação. Garantimos que nunca havíamos tido medo. Sorriso amarelo. Fizemos piadas racistas e machistas. Recuperámos. O medo é fodido.
não era desse medo que falava.
era do medo de quem está de fora. o medo de qualquer coisa remotamente parecida a um árabe.
a semana passada mudei de autocarro porque tava um gaijo com um walkman com colunas integradas a ouvir o corão. e a abanar a cabeça. e agarrado a uma mala preta. mala grande.
Ahah!
Mas podia ser pior, podia estar a ouvir green day
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